Centro da CEDEAO para o desenvolvimento do género (ccdg), em parceria com o UNFPA, celebra o dia internacional para a eliminação da fístula obstétrica e o 50.º aniversário da CEDEAO
26 May, 2025Na sexta-feira, 23 de maio de 2025, em Abidjan, na Côte d’Ivoire, a CEDEAO, em parceria com o UNFPA, celebrou o Dia Internacional para a Eliminação da Fístula Obstétrica e o 50.º aniversário da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A fístula obstétrica é uma lesão grave associada ao parto, que afeta cerca de dois milhões de mulheres em contextos com recursos limitados, registando-se aproximadamente 100 mil novos casos por ano. Esta dupla celebração representa o compromisso contínuo da CEDEAO com os direitos das mulheres e com o combate a esta patologia.
Através desta mobilização conjunta, a CEDEAO procura destacar os avanços obtidos com uma abordagem holística de cuidados médicos, psicológicos e socioeconómicos e reforçar o envolvimento com os principais intervenientes regionais da área da saúde, sublinhando a urgência de tratar a fístula e outras lesões relacionadas com o parto no contexto da Agenda Global da Saúde.
Recorde-se que a CEDEAO, por intermédio do seu Centro para o Desenvolvimento do Género (CCDG), lançou em 2010 um programa de apoio médico e financeiro às mulheres e raparigas que sofrem de fístula obstétrica nos Estados Membros da Comunidade.
A Prof.ª Fatou SOW SARR, Comissária para o Desenvolvimento Humano e Assuntos Sociais da Comissão da CEDEAO, destacou a necessidade de se adotar uma abordagem integrada, centrada nos direitos humanos e orientada pelos princípios de responsabilidade, participação, transparência, capacitação, sustentabilidade, não discriminação e cooperação internacional, apelando à mobilização de recursos para uma ação coordenada contra a fístula. Aproveitou ainda para agradecer a todos os parceiros envolvidos, com destaque para a Cooperação Espanhola, que apoia o CCDG num projeto de reforço das capacidades do pessoal médico e de reabilitação de unidades especializadas em quatro Estados Membros.
Por sua vez, a Embaixadora Fanta CISSÉ, Representante Residente da CEDEAO na Côte d’Ivoire, sublinhou que os resultados alcançados pelo CCDG na luta contra a fístula “são encorajadores. A prevalência da fístula reduziu-se em vários países da região, passando de 32% para 29% entre 2020 e 2021 em certos Estados Membros. Este progresso deve-se à criação de centros especializados, ao combate aos casamentos precoces e à mutilação genital feminina, bem como ao reforço das capacidades do pessoal de saúde”.
A Ministra do Género e da Criança da Serra Leoa, Dr.ª Istata MAHOIS, elogiou igualmente os avanços registados no seu país, onde a cobertura de cuidados passou de 10% em 2010 para 80% dos casos complexos atualmente. Contudo, advertiu que a eliminação da fístula exige uma ação concertada, apelando à adoção de estratégias integradas, à criação de um quadro jurídico favorável e ao fim de todas as formas de discriminação contra as mulheres afetadas.
A Côte d’Ivoire e o Gana partilharam também as suas experiências, destacando a importância de garantir o acesso contínuo aos cuidados, em vez de depender unicamente de campanhas pontuais uma dinâmica de institucionalização que a CEDEAO incentiva a ser adotada por toda a sub-região.
A propósito do cinquentenário da CEDEAO, o CCDG está a inovar na abordagem à fístula obstétrica com dois projetos estruturantes. O primeiro consiste na construção de unidades de fabrico de pensos higiénicos e fraldas reutilizáveis, em parceria com a Organização Oeste-Africana da Saúde (OOAS), com vista a combater o abandono escolar de adolescentes e a responder às necessidades íntimas das mulheres vítimas de fístula e das mulheres idosas com incontinência urinária.
O segundo projeto, apoiado pela Cooperação Espanhola, tem como alvo quatro Estados Membros Côte d’Ivoire, Guiné-Bissau, Libéria e Senegal e visa garantir os direitos sexuais e reprodutivos, bem como o acesso aos serviços de saúde materna, para mulheres afetadas pela fístula obstétrica na África Ocidental.