MENSAGEM DO PRESIDENTE DA COMISSÃO SUA EXCELÊNCIA O SENHOR KADRE DESIRE OUEDRAOGO À COMUNIDADE POR OCASIÃO DO 40º ANIVERSÁRIO DA CEDEAO

27 Mai, 2015
De 28 de maio de 1975 a 28 de maio de 2015, passaram 40 anos que os Pais Fundadores assinaram o Tratado relativo à criação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental. Eram necessários a determinação, o empenho e a coragem de dirigentes visionários para que o sonho de uma Região unida em torno de valores comuns e ambições partilhadas se transformasse numa realidade.

Quem quer medir o caminho percorrido pelos Estados-membros da nossa Comunidade, bastar-lhe-ia olhar para o passado.

Veria que a Região contava, em 1975, com 115 milhões de habitantes que não conseguiam, na sua maioria, deslocar-se de um país para outro sem visto. Ademais, poucas capitais estavam ligadas entre elas por uma rede rodoviária praticável. As fronteiras, na sua maioria, representavam marcos da fratura entre os povos da Região.

Hoje, a CEDEAO conta com mais de 300 milhões de cidadãos, cuja maioria tem menos de 25 anos. Para essa geração, circular livremente de um país para outro e residir onde optar na nossa Região é não só um direito mas também uma conquista evidente.

E, portanto, quantos obstáculos tiveram de ser ultrapassados para chegar a tamanho sucesso na construção de um espaço regional unificado!

Neste dia de aniversário, podemos, na África Ocidental, orgulharmo-nos legitimamente de termos realizado progressos importantes rumo à criação de um espaço comum, no respeito da nossa diversidade cultural. Desses marcos de progresso, apraz-me citar :

  • O enriquecimento aprofundado da cultura democrática ;
  • A eficácia acrescida na prevenção e na resolução de conflitos e crises tal como o temos assistido na Libéria, na Serra Leoa e, mais recentemente, em Côte d’Ivoire, na Guiné-Bissau, no Mali e no Burkina Faso ;
  • A implementação célere dos programas setoriais da criação de riquezas ;
  • O estabelecimento da Tarifa Externa Comum ;
  • O lançamento do projeto da Autoestrada Abidjan-Lagos no âmbito da promoção de infraestruturas regionais ;
  • A marcha decisiva rumo à criação de uma moeda única em 2020;
  • A capacidade de organizar uma resposta regional eficaz perante desafios como a epidemia da febre hemorrágica causada pelo vírus Ébola e o terrorismo;
  • A adoção de um bilhete de identidade biométrico único.

Orgulhosos é que não podemos deixar de ser. Porém, tal não nos deve levar a ignorar que ainda nos restam muitos desafios a ultrapassar a fim de fazer da CEDEAO dos povos aquela realidade viva de que todos sonhamos.

Ora, neste ano de triunfo, não havemos de ter medo, nós, Instituições da CEDEAO, como Estados-membros, organizações da sociedade civil e demais atores do processo de integração regional, de apontar para os insucessos e atrasos que registamos na aplicação dos nossos protocolos e das nossas diretivas comunitárias.

Contudo, hei-de esperar que, ao encarrar esse balanço, as cidadãs e os cidadãos da nossa Comunidade saberão ser indulgentes connosco, mantendo presente em mente que a construção de uma Região sem fronteiras que seja, ao mesmo tempo, um espaço de paz, de respeito dos direitos do homem e de igualdade de oportunidades, é uma obra que dura a vida inteira. Saibam que esse objetivo está no primeiro plano das nossas prioridades e no centro da nossa ação. Aproveito para lançar um apelo à juventude para que se mobilizem infalivelmente em prol da integração, unidade e fraternidade em África.

Por último, neste mesmo dia comemorativo dos 40 anos da CEDEAO, sinto uma verdadeira alegria de interpelar cada cidadão dessa Comunidade. Tenho um pensamento particular em relação às mulheres que convido este ano de 2015, declarado ano da igualdade de género e de empoderamento das mulheres, a uma participação mais ativa no nosso programa de integração regional. Ainda lhes convido, tanto quanto a todos os cidadãos da Comunidade, a meditarem nesta ideia do grande historiador da África Ocidental, na pessoa de Joseph Ki Zerbo, cito: “Cabe ao Africano edificar África, encontrar no próprio seio homens e mulheres aptos para libertar a sua virtude de heróis coletivos, endireitar o destino destorcido da mãe África e remendar seu belo pano rasgado”, fim de citação.

     VIVA A CEDEAO, VIVA A INTEGRAÇÃO REGIONAL!

                    

 Kadré Désiré OUEDRAOGO

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