A União Africana e a CEDEAO debatem o terrorismo, o extremismo, a violencia e o ressurgimento de golpes de estado em África

O continente Africano enfrenta atualmente os flagelos do terrorismo, do extremismo e a violencia, bem como o ressurgimento de mudanças de governo inconstitucionais, que têm consequências adversas para a paz, a segurança e a estabilidade das comunidades africanas.

Estas são as observações feitas pelo Embaixador Jainaba Jagne, Representante Permanente da Gâmbia junto da União Africana e atual Presidente do Conselho de Paz e Segurança da União Africana para o mês de abril de 2024, nesta quarta-feira, 24 de abril de 2024, em Abuja, Nigéria, durante a 1ª consulta inaugural entre o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana e o Conselho de Mediação e Segurança (MSC) da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) a nível de embaixadores.

De acordo com a diplomata Gambiano, os dados mostram que a parte ocidental do continente é a mais afetada por estes flagelos.  “Quatro (4) dos seis (6) Estados membros da UA suspensos por golpes de Estado são países da África Ocidental. Isto nunca tinha acontecido na história da União Africana e, creio, também na história da CEDEAO. De acordo com o Centro Africano de Estudos e Investigação sobre o Terrorismo, a região da África Ocidental é a mais afetada pelo flagelo do terrorismo e do extremismo da violência no continente, em termos de ataques, mortos e feridos”, afirmou a Embaixadora Jainaba Jagne.

A Embaixadora recordou os esforços incansáveis dos governos, das instituições regionais e continentais, nomeadamente a União Africana e as Comunidades Económicas Regionais (CER), para promover e consolidar a democracia. Entre esses esforços, a embaixadora, salientou a introdução de vários instrumentos normativos adoptados pela União Africana para enfrentar os desafios de segurança que assolam o continente africano, incluindo sanções específicas contra os autores de golpes de Estado.

Na sua opinião, a melhor forma de combater estes flagelos é uma cooperação mais forte entre o CPS e as CER,  intensificar os esforços para enfrentar os desafios de segurança colocados pela propagação do terrorismo, do extremismo e da  violência. “Temos de trabalhar em uníssono.

A nossa forte voz comum intensificará os nossos esforços continentais e regionais e evitará interferências externas. Ao fazê-lo, apropriar-nos-emos da nossa agenda de paz”, insistiu Jainaba Jagne.

Apelou a diplomacia preventiva para evitar golpes de Estado, terrorismo, extremismo e a  violência, ao desenvolvimento de estratégias de ação conjuntas para os países da África Ocidental; e ao reforço da coordenação, das sinergias e dos compromissos regulares.

O Representante Permanente da Nigéria na Cedeao e Presidente do Conselho de Mediação e Segurança da Cedeao (MSC), Embaixador Musa Sani Nuhu, durante o seu discurso defendeu o alinhamento das estratégias e acções. ”Esta consulta conjunta pode promover uma melhor compreensão da dinâmica de segurança regional, harmonizar os esforços destinados à diplomacia preventiva e desenvolver estratégias mais eficazes de resolução de conflitos, garantindo assim uma abordagem mais coerente e abrangente da paz e estabilidade regionais”

Instou ainda os participantes a explorarem áreas de cooperação, incluindo estratégias concertadas para manter a tolerância zero relativamente a mudanças inconstitucionais de governo e medidas efectivas de combate ao terrorismo.

O Embaixador Musa Sani Nuhu sublinhou também a necessidade de debater não só a mobilização de recursos para as iniciativas de paz regionais e continentais, mas também a criação de sinergias nos esforços colectivos.

Esta reunião inaugural tem vários temas na ordem do dia, entre eles, as questões relacionadas com as mudanças inconstitucionais de governo e o terrorismo, bem como a mobilização de recursos internos para financiar operações de paz a nível regional e continental.

Os participantes debaterão também o reforço das sinergias, da coerência, da coordenação e da complementaridade, sem esquecer a contextualização da cooperação entre a União Africana e a CEDEAO em matéria de Paz,  da Boa Governação e da Segurança.

De notar que esta 1ª reunião inaugural entre o Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana e o Conselho de Mediação e Segurança (MSC) da Cedeao a nível de embaixadores realiza-se 20 anos após a criação do CPS.  “A nossa intenção é regularizar estas reuniões com todas as Comunidades Económicas Regionais de África e reforçar as nossas relações, assegurando consultas regulares e estreitas sobre questões de paz e de segurança”, exortou o Embaixador Jainaba Jagne.